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Theodoro Peckolt

Theodoro Peckolt
THEODORO PECKOLT – A CARREIRA ABRANGENTE DE UM PIONEIRO DA
FITOQUÍMICA NO BRASIL
Nadja Paraense dos Santos – LabMMol – DQO – IQ/UFRJ
Figura 01 – (Theodoro Peckolt – 1822-1912)
Theodoro Peckolt (Figura 01) nasceu em Pechern (Niedelausitz), perto
de Muskau, Baixa Lusácia, na Silésia alemã, em 13 de julho de 1822 (IHERING,
1912). Devido às constantes transferências de seu pai, capitão dos lanceiros do
Kaiser, Peckolt viveu em várias cidades alemãs. Sua paixão pela química e pelas
plantas começou muito cedo. Peckolt revelou sua vocação, trabalhando como prático
em farmácias. Aos 15 anos começou a trabalhar na farmácia da cidade de Friebel,
onde ficou até 1841. Passou os seus anos de aprendizagem como farmacêutico emTheodoro Peckolt
Meseritz (atual Polônia), Woldegh e Neubrandenburgo (Ducado de Mecklenburg),
depois de haver freqüentado o ginásio de Friedeberg (OBERACKER, 1988). Em 1843,
prestou serviço militar como farmacêutico na fortaleza de Glogau (O. PECKOLT,
1995). Estudou farmácia, posteriormente, nas Universidades de Rostock e Göttingen
e, em 1846, por recomendação do Dr. Reichenbach, começou a trabalhar no Jardim
Botânico de Hamburgo (MENDONÇA, 1912). Foi contemporâneo de importantes
cientistas como von Martius, August Wilhelm Eichler (1839-1887, botânico alemão) e
Heinrich Robert Goeppert (1800-1884), botânico e farmacêutico polonês. Conheceu o
químico e farmacêutico Daniel Hanbury (1825-1875), de Londres, além de
Oberdoerfer, de Hamburgo, e Dietrich, de Praga. Reconhecendo as aptidões de
Peckolt, von Martius e Eichler o induziram a visitar o Brasil na excursão científica de
1847, a fim de estudar a flora tropical e remeter-lhe o material colecionado. Peckolt
embarcou no navio “Independência” em 28 de setembro, chegando ao Brasil em
novembro e aqui permaneceu os restantes 65 anos de sua vida (SANTOS et al.,
1998).
ALGUNS ASPECTOS DA IMIGRAÇÃO ALEMÃ NO BRASIL
Segundo SCHWARTZMAN (1979) “o interesse brasileiro pela química
alemã talvez se explique pela tradicional vinculação entre a pesquisa química e a
atividade industrial naquele país”. O mesmo autor cita que “os vínculos econômicos e
migratórios que ligavam o Brasil à Alemanha até a década de 30 [século XX]” são
alguns dos fatores que justificam “as razões da forte presença alemã” na química
brasileira.
O caráter das relações entre a Alemanha e o Brasil modificou-se tanto
pela abertura dos portos quanto pela vinda da Arquiduquesa Leopoldina para casar-se
com o futuro imperador D. Pedro I. Após a vinda de comerciantes, operários, soldados
e agricultores, os alemães começaram a vir em fluxos variáveis que nunca mais foramTheodoro Peckolt
interrompidos. Da corte da futura Imperatriz vieram oito cientistas e dois pintores. Esta
geração era estimulada não só pelos relatos de Humboldt como, também, porque a
partir de 1808 lhe haver sido franqueado um imenso território, até então interditado,
numa terra que apresentava possibilidades ilimitadas para a iniciativa intelectual e
econômica. Inicia-se a época de ouro das pesquisas alemãs no Brasil (FOUQUET,
1974).
No caso específico da imigração de jovens cientistas alemães no século
XIX para o Brasil, MANGRICH (1991), citando REITZ (1963) nos diz que, além do
interesse do governo e de esforços isolados de pessoas e instituições, devem-se
acrescentar “as dificuldades do mercado de trabalho para jovens professores alemães
naquele país, dada a tradicional rigidez do sistema universitário germânico”.
Acreditamos que Peckolt pode ser inserido na explicação acima. Sua
vinda para o Brasil foi influenciada por Martius e por outros cientistas alemães que
reconheciam sua capacidade de trabalho e, com certeza, perceberam que aqui ele
teria maiores possibilidades devido ao campo ampliado de atuação.
PECKOLT NO BRASIL
RIO DE JANEIRO: PRIMEIROS ANOS
Segundo uma pequena autobiografia, ditada por Peckolt a uma de suas
noras em 1911, seu primeiro emprego no Brasil, em janeiro de 1848, foi na Farmácia
de Mariolino (sic) Fragoso. Em uma pesquisa no Almanak Laemmert (1848)
encontramos na lista de farmácias e boticas do período no Município da Corte, a de
Simão Marcolino Fragoso, localizada na rua do Fogo (atual rua dos Andradas),
número 75. Ainda segundo o próprio PECKOLT (1911), ele havia aprendido nossa
língua em uma pequena gramática portuguesa que havia copiado e decorado na
viagem de navio, mas as pessoas não conseguiam entender o que ele falava emTheodoro Peckolt
português. Todas as conversas eram feitas por escrito e Peckolt fazia a tradução com
o auxílio de um dicionário. Foi desta forma que aviou suas primeiras receitas. Nos sete
meses em que ficou na Farmácia de Fragoso, Peckolt aprendeu a falar um português
sofrível e conseguiu juntar o dinheiro necessário para comprar um animal de sela e
fazer os arranjos de viagem para fora da Corte. Tudo isto apesar dos apelos de
Fragoso, que lhe propôs fazer o exame de suficiência e dar-lhe sociedade na
Farmácia.
Em setembro de 1848, Peckolt começou sua exploração do país.
Viajando a cavalo, percorreu as Províncias do Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de
Janeiro, estudando-lhes a flora. Existiam, então, poucos médicos no interior e os
conhecimentos farmacêuticos do jovem naturalista colocavam-no na posição vantajosa
de poder prestar reais serviços aos doentes que o consultavam. Como compensação
destes serviços recebia, além dos honorários, objetos interessantes de história natural
e contribuições valiosas para sua coleção botânica.
Através do cônsul alemão Therensin, recebia o pagamento de 50$000
réis mensais para enviar plantas em herbário para Martius e sementes para os Jardins
Botânicos de Berlim e Munique, assim como outros objetos de história natural.
No início de 1850, passou algum tempo com os botocudos do Rio Doce,
realizando excursões pela Serra dos Órgãos, o vale do Paraíba, e as margens dos
rios Pomba e Canoé. Percorreu parte de Minas Gerais, tornando a cidade de
Diamantina o centro de suas explorações (TESCHAUER, 1912) antes de voltar para o
Rio de Janeiro. Os recursos que poupou, permitiram a Peckolt manter-se na Corte por
algum tempo. Apresentou-se ao exame farmacêutico da Escola de Medicina do Rio de
Janeiro, em julho de 1851, sendo aprovado.
Em novembro do mesmo ano, estabeleceu-se em Cantagalo (Rio de
Janeiro) (Figura 02), a convite de médicos e fazendeiros alemães e suíços lá
instalados. Comprou uma farmácia e casou-se, em 12 de junho de 1854, com D.
Henriqueta, filha do vigário protestante Friederich Sauerbrönn, da colônia suiça deTheodoro Peckolt
Friburgo, cidade para a qual o pastor veio a fim de servir aos colonos. Segundo
MENDONÇA (1912), Peckolt preferiu Cantagalo porque a cidade estava mais próxima
das matas do vale do rio Doce, o que tornava as expedições mais baratas. Nas
excursões realizadas nas vizinhanças de Cantagalo, colheu muitos objetos raros, até
então desconhecidos, que hoje enriquecem o Museu Nacional, vários museus da
Alemanha e museus de Estocolmo e Uppsala.
Figura 02 – Mapa com a localização de Cantagalo.
PECKOLT EM CANTAGALO
No início da colonização do Brasil, a região de Cantagalo era chamada
de “sertões do leste”, tendo seu desenvolvimento ligado à exploração de ouro e,
posteriormente, à cultura do café. DIAS (s/d) relata que em 1840 Cantagalo já era
próspera produtora de produtos agrícolas, principalmente o café, que se tornaria sua
principal riqueza e o objeto de muitos dos estudos de Peckolt.
Peckolt viveu entre Cantagalo e Friburgo durante 17 anos e, neste
período, adquiriu profundo conhecimento da flora e fauna local. Existem registros de
que, desde a década de 1840, mesmo antes da chegada de Peckolt, Cantagalo era
muito visitada por naturalistas, botânicos e viajantes devido a suas matas e campos
intactos. Consta que H. Burmeister lá esteve algum tempo e Carlos Euler ali dedicou-Theodoro Peckolt
se ao estudo da biologia das aves. Com o prestígio de Peckolt, estas visitas tornaramse
mais freqüentes e foram registradas nos relatos de Tschudi e Roosevelt. Para dar
continuidade a seus trabalhos de colaborador da “Flora Brasiliensis”, montou em sua
farmácia um laboratório próprio para realizar análises das plantas brasileiras. Peckolt
viveu em Cantagalo no período de apogeu do município, que se deu nas décadas de
1860/70, época da prosperidade da economia cafeeira fluminense.
Johann Jacob Tschudi (1818-1889), nomeado, em 1860, pelo governo
da Confederação Helvética, ministro plenipotenciário no Brasil para estudar a
imigração suíça, cita em diversas passagens de seu livro “Viagem às Províncias do
Rio de Janeiro e São Paulo” (1980) o farmacêutico Peckolt, descrevendo o jardim
botânico que ele mantinha junto a sua farmácia “para desenvolvimento das plantas,
sua nutrição e aclimatação”. Relata os prêmios recebidos por Peckolt pelas
participações na Exposição Nacional de 1861 e na Exposição de Londres de 1862, e
elogia o “trabalho químico-analítico, de certo vulto, relativo às plantas brasileiras”,
esperando que os resultados fossem publicados em livro. Transcreve, também, os
dados das análises de amostras de café plantado em diferentes tipos de solo, bem
como a concentração de cafeína nos grãos e folhas. Resultados mais completos foram
posteriormente publicados por Peckolt no volume 5 (1884) de sua obra “Plantas
Alimentares e de Gozo do Brasil“, com o título de “Monografia do Café”.
Bem mais tarde, o ex-presidente dos Estados Unidos da América,
Theodore Roosevelt (1858–1919), participaria de uma expedição com o Coronel
Cândido Mariano da Silva Rondon (1865-1959), conhecida como Expedição de
Roosevelt-Rondon (1913-1914).
Roosevelt, em seu livro “Through the Brazilian Wilderness” (1914), cita
Peckolt, podendo ler-se no apêndice, que trata de algumas características da viagem,
uma tabela (Tabela 01) comparando mate com café e diferentes tipos de folhas de
chá, de acordo com análises realizadas pelo “Dr. Peckolt, celebrado químico do Rio de
Janeiro”:Theodoro Peckolt
Tabela 01 – Análises feitas por Theodoro Peckolt (ROOSEVELT, 1914)
Em 1000
partes de Chá verde Chá preto Café Mate
Óleo natural 7,90 0,06 0,41 0,01
Clorofila 22,20 18,14 13,66 62,00
Resina 22,20 34,40 13,66 20,69
Tanino 178,09 128,80 16,39 12,28
Alcalóides:
Mateína
Cafeína
4,50 4,30 2,66 3,50
Substâncias
extrativas 464,00 390,00 270,67 238,83
Celulose e
fibras 175,80 283,20 178,83 180,00
Cinzas 85,60 25,61 25,61 38,11
A contribuição de Peckolt para a “Flora Brasiliensis” de von Martius foi
vultosíssima, distinguindo-o este cientista com a máxima confiança. Sua colaboração
não se limitou ao fornecimento de materiais e von Martius e seus colaboradores
enviavam-lhe as provas tipográficas de textos e desenhos para que fossem
comentados e corrigidos.
Dentre a correspondência de von Martius com o Imperador D. Pedro II e
com o mordomo da Casa Imperial, Paulo Barbosa da Silva, com quem Martius tinha
uma grande amizade, encontramos, em pesquisa recente, duas cartas, datadas de 20
de outubro de 1856 e 01 de março de 1861. Na carta de 1856, endereçada a Paulo
Barbosa, Martius envia dois exemplares de sua memória sobre a introdução da quina,
um para o Imperador e outro para Peckolt “ao qual, graça de Vossa Excelência, foi por
Sua Majestade Imperial, entregue o cuidado de ocupar-se de semelhante introdução”,
Martius também solicita maior atenção a Peckolt, elogiando-o como pesquisador e
colaborador e pede para que faça parte de um projeto para a aclimatação e posterior
produção da quina no Brasil.
Na carta endereçada ao Imperador (1861) (Figura 03), Martius envia
alguns exemplares da “Flora”, endereçando-os a Teixeira de Macedo, a Freire Allemão
e a Peckolt “em Canta Gallo” (sic). Novamente elogia Peckolt como “homem muitoTheodoro Peckolt
inteligente e laborioso” e lastima que o Governo não tenha facilitado a intenção de
Peckolt de plantar Chinchona (quina).
Figura 03 – Carta de von Martius ao Imperador D. Pedro II
No livro “O Problema da Aclimatação da Quina”, escrito pelo neto de
Theodoro, Oswaldo de Lazarini Peckolt, encontramos a reprodução de uma cartacircular
de 27 de março de 1865, de M. P. de Souza Dantas, ministro da Agricultura,
Comércio e Obras Públicas. A carta era dirigida a alguns fazendeiros, apontados como
capazes de iniciar a cultura de quineiras, moradores de zonas escolhidas como
apropriadas a tal plantação. Esta carta foi também dirigida a Theodoro Peckolt, então
estabelecido em Cantagalo, que, embora não sendo fazendeiro, já era reconhecido
como autoridade nesses estudos. O autor nos diz que o pedido não pôde ser
integralmente atendido pois nesta época Peckolt já estava preparando sua mudança
para a Corte, mas que ele não deixou de reproduzir, em sua chácara no Rio de
Janeiro, um parque que se estendia da atual Rua Haddock Lobo à atual Rua Barão de
Itapagibe, no bairro da Tijuca, algumas das sementes que lhe foram então oferecidas
(PECKOLT, s/d.).Theodoro Peckolt
No Almanak Laemmert, entre 1853 e 1868, encontramos no Município
de Cantagalo o nome de Theodoro Peckolt como um dos dois boticários ali
estabelecidos, estando sua farmácia na rua Direita número 15 (Figura 04). A partir de
1864, ao lado de seu nome vê-se o símbolo de Oficial da Imperial Ordem da Rosa e o
título de “Botica Imperial”, distinções que recebeu após sua participação nas
Exposições Nacionais (1861, 1866) e Universais (1862 e 1867).
Figura 04 – vista de Cantagalo no bloco de anotações da Farmácia Peckolt
Peckolt permaneceu em Cantagalo até 1868 e ali realizou, segundo
suas próprias declarações (PECKOLT, 1911), cerca de quinhentas análises
quantitativas de extratos de plantas da flora brasileira. Destas, 437 foram publicadas
em revistas internacionais, entre 1850 e 1868.
Ele estudou plantas brasileiras de diversas famílias, observando as
condições nas quais vivem e se multiplicam, e recolheu dos nativos informações sobre
nomes triviais, usos e propriedades farmacêuticas. O herbário fornecia-lhe os meios
para a comparação morfológica das numerosas espécies e, no laboratório, Peckolt
aprofundava o trabalho, obtendo informações detalhadas sobre a composição química
das plantas medicinais, seus alcalóides e outras substâncias de extração. “Não
conhecemos”, diz Hermann von IHERING (1912), “outro exemplo de naturalista,Theodoro Peckolt
versado igualmente em estudos botânicos e químicos, que tão profundamente tivesse
estudado e esclarecido por investigações próprias o estudo econômico, farmacêutico e
químico de qualquer flora tropical”.
Peckolt ocupou-se também de questões zoológicas, além de receber
biólogos como Carlos Euler, que estudava as aves. Ele próprio estudou as Trigoniidas
(Trigonini), as abelhas sociais do Brasil. Foi através de seus relatórios e observações
biológicas que Frederic Smith, do British Museum, classificou as abelhas sociais
brasileiras. Nos seus estudos há a constatação da ausência de sacarose em alguns
méis indígenas. Essa observação serviu para que Rodolfo Albino não incluísse a
produção de abelhas nativas na Farmacopéia.
No período de 1852 a 1867, ainda residente em Cantagalo, recebeu
muitas honrarias acadêmicas, sendo nomeado Membro Correspondente da Real
Sociedade Botânica de Regensburg (1852) e da Real Sociedade Farmacêutica da
Alemanha (1857). Foi feito Doutor Honoris Causa da Academia Cesárea LeopoldinoCarolino-Germânica,
da Alemanha, em 1864, por seus numerosos trabalhos químicos
e botânicos sobre a flora brasileira. Neste mesmo ano, foi nomeado Oficial da Ordem
da Rosa (Figura 05), por sua participação na Exposição Nacional do Rio de Janeiro
(1861), e, mais tarde, oficial da Estrela Polar do Rei da Suécia (1869).
Figura 05 – condecoração da Ordem da RosaTheodoro Peckolt
A ERA DOS ESPETÁCULOS – AS EXPOSIÇÕES DO SÉCULO XIX
Theodoro Peckolt participou das duas primeiras Exposições Nacionais
(1861 e 1866) e nelas obteve a premiação máxima pela apresentação de suas
coleções de farmacognosia. Isto fez com que suas coleções fossem enviadas às
primeiras Exposições Universais das quais o Brasil participaria – Londres, 1862 e
Paris, 1867, onde novamente sua obra seria reconhecida através das medalhas de
ouro e de bronze que recebeu. Foi através destes trabalhos que Peckolt, apesar de já
ser conhecido nos meios acadêmicos e científicos internacionais pela freqüente
publicação dos resultados de suas pesquisas em Botânica e em Química Orgânica em
revistas farmacêuticas alemãs, ganhou maior visibilidade no Brasil.
A partir da 3ª Exposição Universal – Londres, 1862 – o Brasil esteve
presente nas demais. Apesar de não merecer destaque especial, a regularidade da
participação brasileira chama a atenção. Durante o Império, o Brasil participou de
cinco Exposições Universais (1862, 1867, 1873, 1876 e 1889) (SCHWARCZ, 1998).
Essas exposições eram geralmente divididas em quatro categorias:
manufatura, maquinária, matéria-prima e belas-artes. Embora o Brasil apresentasse
produtos em todas as categorias, era no quesito matéria prima que merecia maior
destaque, reforçando a representação de paraíso tropical e terra de gêneros exóticos
(SANTOS et al., 1999)
A sociedade imperial brasileira procurava sua inclusão no mundo
civilizado, no caso o ocidental. A participação nas exposições universais passava a ser
vista como uma espécie de vitrine de nossa civilização. Era um Brasil que buscava
atrair o reconhecimento de outras nações, seus capitais e investidores, e que, ao
mesmo tempo, não expunha seus conflitos entre os livre-cambistas e protecionistas e
nem sua mão-de-obra escrava.Theodoro Peckolt
AS EXPOSIÇÕES NACIONAIS DE 1861 E 1866 – A PARTICIPAÇÃO DE
THEODORO PECKOLT
As Exposições Nacionais possibilitaram o esboço de um panorama
extenso da produção de mercadorias e das relações técnicas e de trabalho no Brasil
do século XIX. Eram precedidas de exposições provinciais, em que eram selecionados
os melhores produtos e inventos de cada província para serem mostrados no evento
nacional.
Elas foram muito criticadas, pois eram vistas como luxo desnecessário,
sendo que alguns empresários resistiam em participar devido a problemas de
organização e propaganda e também por não vislumbrarem estímulos mercadológicos
imediatos. Nem sempre os investimentos do Estado realizados com as exposições
geravam os resultados esperados, mas elas eram valorizadas por ensejarem uma
atenção sobre o país e suas regiões.
Iremos nos limitar ao estudo das duas primeiras exposições nacionais
(Tabela 02, Tabela 03), pois nessas ocorreu a participação de Theodoro Peckolt e de
suas coleções farmacológicas.
Tabela 02 – Dados relativos às Exposições Nacionais, retirados dos relatórios oficiais.1
Ano Duração
(dias)
No
total de
visitantes
Média de
visitantes por
dia
Receita Local
1861 42 50.739 1.127 15:367$000 Escola
Central
1866 57 52.824 926 30:134$500 Casa da
Moeda
1
Interessante notar que pelo Recenseamento Geral, feito em 1872, a população do Município
Neutro (Corte) era de 274.972 pessoas. O que nos dá uma idéia do interesse despertado por
este tipo de evento.Theodoro Peckolt
Tabela 03 – Dados relativos às duas primeiras Exposições Nacionais,
retirados dos relatórios oficiais.
Ano N0
de Expositores Objetos expostos Prêmios
1861 1136 9962 488
1866 2374 20128 645
A EXPOSIÇÃO NACIONAL DE 1861:
Recorrendo aos prédios públicos já existentes, os organizadores das
exposições tinham de contentar-se com espaços inadequados ou insuficientes. Para
participar da Terceira Exposição Universal (Londres, 1862), o Brasil realizou sua
primeira Exposição Nacional no Rio de Janeiro, ocupando o prédio da Escola Central,
hoje Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (IFCS/UFRJ), localizado no Largo de São Francisco, em fins de 1861 (Figura
06).
Figura 06 – Escola Central – Exposição Nacional de 1861
Cabe inferir que a atribuição do termo indústria era deveras elástica. Os
critérios da época associavam à palavra toda e qualquer forma de atividade humana,
independente do grau de beneficiamento, do emprego da tecnologia ou das relações
sociais subjacentes. A agricultura era considerada como o principal fundamento da
riqueza do país e era nela que a nação investia.Theodoro Peckolt
No cômputo geral dos expositores do evento nacional de 1861, o
grande destaque ficou por conta do Rio de Janeiro, fazendo jus a sua situação de
centro político do país, maior porto nacional e eixo central do maior produto de
exportação do país, o café. Seja por sua posição econômica privilegiada, seja por sua
posição política central, o Rio era, sem dúvida, “o lugar onde as coisas aconteciam” e
onde se concentravam os setores que poderiam ser considerados mais avançados em
termos industriais, como o têxtil, ou alguns setores novos, como a indústria química e
a de produtos farmacêuticos. Na Tabela 04 podemos ter uma idéia da distribuição dos
prêmios, destacando a já comentada relevância do Rio de Janeiro:
Tabela 04 – Distribuição dos prêmios da Exposição Nacional de 1861
Prêmios
(total)
Medalhas de
ouro
Medalhas de
prata
Medalhas de
cobre
Menções
honrosas
Geral 488 09 110 130 239
Rio de
Janeiro 295 07 70 89 129
Trinta e dois expositores expuseram 519 amostras de produtos
químicos e farmacêuticos. Os produtos químicos constavam de águas gasosas, cal,
glicerina, barrilha, tintas, extratos e líquidos desinfetantes etc. Foram agrupadas no 30
grupo – “Indústria metalúrgica; artes e produtos químicos”.
Foram escolhidos e remetidos para a Exposição de Londres 1495
objetos, sendo 225 produtos químicos e farmacêuticos. Pertenciam a seis expositores
337 produtos farmacêuticos, entre eles alguns remédios secretos. Deste grupo fazia
parte a coleção de Theodoro Peckolt.
Desde seu estabelecimento na cidade de Cantagalo, Peckolt principiou
seus estudos das diversas famílias, condições de vida, multiplicação, denominação
popular, usos e propriedades farmacêuticas de várias plantas brasileiras (SANTOS,
1998). No herbário particular o cientista buscava as comparações morfológicas e no
laboratório de sua farmácia, a composição química das plantas, com especialTheodoro Peckolt
destaque à busca de alcalóides, já que esta era a classe de substâncias naturais que
despertava mais interesse e, por isto, era mais conhecida e estudada no século XIX.
Na seção de manuscritos da Biblioteca Nacional encontramos as
explicações detalhadas, escritas pelo próprio Peckolt, para sua coleção de 146
produtos de farmacognosia e química orgânica enviada à exposição de 1861. Na
explicação de sua coleção, Peckolt informa que diversas análises ali apresentadas já
se achavam publicadas nos “Archivos de Pharmacia da Allemanha do Norte “ e
conclama a organização de uma Farmacopéia Brasileira“ que nos indique os vegetais
que já foram experimentados terapeuticamente e quimicamente e que podem suprir
senão suplantar as drogas vindas de fora” (PECKOLT, 1861).
Ao final de suas explicações, apresenta, em uma página de fundo preto,
dez pequenos pedaços de papel com pigmentos naturais em que indica: “na tabela
seguinte são algumas tintas sobre papel para mostrar pouco mais ou menos a cor
natural, o lustre é natural e não provém de verniz nenhum”.
Sobre a coleção de 1861, escreveu Frederico Leopoldo Cesar
Burlamaque, relator do Júri: “O senhor Peckolt, de Cantagalo, expôs 146 produtos
naturais e produtos químicos, extratos e alcalóides, extraídos de vegetais indígenas. O
Júri achou esta coleção tão importante que conferiu uma medalha de ouro a seu autor,
ainda que, em verdade, ela ofereça maior interesse científico que industrial” (BRASIL,
1862).
Neste mesmo relatório, Burlamaque analisa a situação da incipiente, ou
quase inexistente, indústria química no Brasil, explicando que esta não progredirá
enquanto não se fabricarem no país os “ácidos minerais”, principalmente o ácido
sulfúrico.
Segundo os jurados da “Indústria agrícola” a coleção de Peckolt deveria
pertencer a este grupo por ser composta de produtos naturais e conter frutos,
sementes, cascas, raízes, óleos, resinas, gomas, sucos, materiais tintoriais,
substâncias amiláceas, etc. Mas como estavam preparados para serem utilizados nasTheodoro Peckolt
farmácias, foram classificados no grupo dos produtos químicos e farmacêuticos. A
observação termina felicitando Theodoro Peckolt pela medalha de ouro.
O relator do 3º grupo, Raphael Archanjo Galvão Filho, analisa a falta de
uma indústria química e farmacêutica no país e a nossa dependência nessa área. O
médico Francisco Ferreira de Abreu fez alguns comentários sobre os produtos
expostos, e em especial sobre a coleção de Peckolt:
“semelhante coleção revela inquestionavelmente talento, estudo assíduo,
conhecimentos extensos de química analítica, e exemplar persistência no
trabalho; ela denuncia o gênio investigador do farmacêutico alemão, que
merece tanto mais ser acoroçoado, quanto é certo que, segundo a via em
que se tem lançado, e guiado pelas suas habilitações especiais, poderá
ainda prestar importantes serviços, enriquecendo a matéria médica
brasileira.” (Relatório, 1862)
Ferreira de Abreu solicita a publicação das notas de Peckolt sobre a
coleção, como um serviço de utilidade, “porque facilitaria aos especialistas a
verificação de semelhantes resultados e análises”. Acrescenta que a coleção, além de
seu reconhecido interesse científico, deveria ser avaliada em relação aos interesses
da economia doméstica, das indústrias e sobretudo da farmacologia.
No dia 14 de março de 1862, no Paço Imperial, foi realizada a
solenidade de distribuição das medalhas. D. Pedro II cita em seu diário a coleção de
Peckolt (BEDIAGA, 1999):
“Parece-me que a escolha dos objetos para Londres foi bem feita. A coleção
Pechol (sic) é muito curiosa sobretudo quanto aos novos princípios
extraídos de frutos e túberas brasileiros (…)” (Diário, 25 de janeiro de 1862)Theodoro Peckolt
A EXPOSIÇÃO NACIONAL DE 1866
Tendo recebido o convite do governo francês para participar do evento
de 1867, o Governo Brasileiro aceitou, embora estivesse envolvido com a Guerra do
Paraguai. Tal como da primeira vez, realizou-se uma exposição nacional no ano
anterior, precedida de exposições provinciais, e, novamente, houve demora no envio
de materiais e reclamações contra a pouca representatividade das riquezas
brasileiras.
Inaugurada no Rio de Janeiro em 19 de outubro de 1866, no dia em que
se comemora São Pedro de Alcântara, a Exposição contou mais uma vez com a
presença do Imperador. Encerrou-se em 16 de dezembro, num total de 57 dias.
Houve, novamente, improvisação quanto ao local onde seria realizada a exposição,
que afinal ocorreu no edifício que estava sendo construído para ser a nova Casa da
Moeda, no Campo da Aclamação, atual Campo de Santana (Rio de Janeiro) (Figura
07).
Figura 07 – Vista de um jardim interno na Exposição de 1866.
Conforme se pode notar na Tabela 03, esta exposição teve, em
comparação com a primeira, maior número de expositores e produtos. Mais uma vez,
a aplicação da palavra indústria foi indiscriminada, referindo-se não só a produtos
manufaturados como a gêneros agrários in natura. Em suma, o termo indústria eraTheodoro Peckolt
considerado, na prática, como sinônimo de atividade econômica. A indústria agrícola
continuava sendo a principal riqueza do país, mas esta se ressentia não somente da
falta de braços, mas também de uma maior mecanização.
Novamente, o Rio de Janeiro e a Corte apresentaram o maior número
de expositores e produtores, que ganharam o maior número de prêmios, conforme
pode-se ver na Tabela 05. O destaque ficou por conta da indústria têxtil do Rio de
Janeiro e da Bahia.
Tabela 05 – Distribuição dos prêmios da Exposição Nacional de 1866
Prêmios
(total)
Medalhas de
ouro
Medalhas de
prata
Medalhas de
cobre
Menções
honrosas
Geral 645 24 109 156 356
Rio de
Janeiro 222 15 78 65 64
Da Corte e das diversas províncias foram exibidas amostras de muitas
preparações, óleos e tinturas. Peckolt seria novamente premiado com a medalha de
ouro e sua coleção seria enviada integralmente à Exposição de Paris.
A nova coleção de Theodoro Peckolt foi classificada no 1º Grupo, 2ª
Classe, esta dividida em três seções: substâncias e produtos químicos, reagentes
químicos e produtos farmacêuticos. Segundo o relator, apesar da utilidade
reconhecida da química nas suas aplicações às artes entre as nações cultas, no Brasil
pouco havia sido feito no sentido de difundir o conhecimento desta ciência. O relatório
enfatizava a existência de apenas três cadeiras de química no Império (Escola Central
e Escola de Medicina (RJ), e Escola de Medicina da Bahia). Retificamos o relator, que
não incluiu a cadeira de química da Escola de Farmácia de Ouro Preto (1839).
O relator solicita o estabelecimento de cursos noturnos nas capitais das
províncias “onde fossem professadas as noções de tão útil ciência e suas numerosas
aplicações às artes”. Acrescenta que a produção de substâncias químicas começa a
desenvolver-se no Rio de Janeiro, embora não possam concorrer com as substâncias
importadas, “não pela qualidade, como principalmente na quantidade e custo”,Theodoro Peckolt
destacando também o fato de haver poucas indústrias que as utilizam instaladas no
país.
Na segunda coleção apresentada em 1866, após o reconhecimento de
seu trabalho, Peckolt, que já ostentava diversos títulos, dentre os quais destacamos o
de “Oficial da Ordem da Rosa”, apresenta 221 objetos, e explica que este número
poderia ter sido maior se não fossem as dificuldades de realizar o seu trabalho no
interior (ainda residia em Cantagalo) e seu plano de não apresentar ao público as
drogas indígenas sem a prévia análise química. Apesar de haver uma recomendação
por parte da organização do evento de não apresentar objetos que já houvessem sido
expostos em 1861, Peckolt reapresenta oito substâncias de sua primeira coleção.
Nesta apresentação Peckolt mostra preocupação em acompanhar cada
produto com o provável preço para sua comercialização e tenta chamar a atenção dos
agricultores e industriais para uma série de produtos. Mais uma vez ele reclama da
falta de observações clínicas sobre a maior parte das plantas medicinais
apresentadas. Peckolt privilegia neste trabalho os óleos essenciais e suas pesquisas
sobre os teores de cafeína em diversos vegetais (PECKOLT, 1866). Ao final ele
apresenta duas tabelas, uma dos vegetais que forneceram óleos essenciais, incluindo
seus pesos específicos, e outra com os teores de cafeína de outros vegetais por ele
analisados.
Na análise desta segunda coleção podemos destacar que,
diferentemente da primeira coleção, Peckolt iria preocupar-se em apresentar a análise
completa dos diferentes vegetais analisados e, no caso dos óleos fixos, dá seu peso
específico e a quantidade de óleo extraído para cada 10 quilos da erva fresca,
acompanhados geralmente do preço por onça.
No relatório do 10 Grupo (1869) apresentado pelo Presidente da
Comissão, Joaquim Antão Fernandes Leão, dentre os vários elogios à coleção de
Peckolt, os jurados enfatizam a memória descritiva apresentada juntamente com as
substâncias preparadas, na qual Peckolt, além de listar os processos empregados eTheodoro Peckolt
as análises químicas feitas, procura também destacar os atributos e virtudes de cada
uma das substâncias exibidas e os nomes trivial e científico do vegetal que as
forneceu. Mais uma vez, Peckolt irá receber a medalha de ouro e sua coleção será
remetida integralmente para a Exposição de Paris, com a recomendação do júri que a
mesma seja acompanhada da publicação da referida memória.
A PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA NAS EXPOSIÇÕES UNIVERSAIS DE 1862 E 1867
A falta de experiência e profissionalismo na apresentação do Brasil nas
Exposições Universais fica evidente em diversos aspectos, como a indefinição do
espaço necessário que lhe cabia garantir, a demora na remessa dos produtos e o
atraso na montagem do pavilhão. A falta de organização dos produtos enviados e a
inexistência de uma identificação precisa, com nome do produto, região, expositor e,
sobretudo, preço, foram alguns dos embaraços enfrentados (TURAZZI, 1995). Os
comissários reclamavam que os artigos brasileiros pareciam estar sendo enviados a
um museu (Figura 08) e não a um local cujo objetivo era incrementar trocas
comerciais.
Figura 08 – Estande brasileiro na Exposição de Londres (1862). Destaque
para os produtos tropicais: rede, peles, café, cerâmicas.Theodoro Peckolt
Foram contratadas renomadas personalidades do mundo científico para
avaliar a exposição brasileira e realizar estudos comparativos. Entre os cientistas
contratados em 1862 figuraram John Miers (Sociedade Linneana, Royal Society), John
Percy (professor de Metalurgia), E. Lankester (Museu de South Kensington, Royal
Society) e Robert Hunt (Museu de Geologia de Londres). John Miers também seria
indicado para participar como jurado especial para os produtos brasileiros, pois o país
recusou-se a se submeter aos dois jurados encarregados do julgamento dos demais
países latino-americanos.
O Brasil foi considerado pelos londrinos como uma grande nação
semitropical que expunha produtos típicos e grande variedade de produtos agrícolas e
minerais. Na avidez pelo consumo de novidades que marca a segunda metade do
século XIX, as “novidades” brasileiras referiam-se inevitavelmente aos seus recursos
naturais abundantes, ao exotismo dos povos indígenas e à cena tropical. Os artigos
mais apreciados eram as madeiras e os minerais, que geravam disputas entre as
instituições de pesquisa ao término das exposições.
O Brasil obteve 46 medalhas e 34 menções honrosas. A coleção de
Peckolt foi classificada na Classe II – substâncias e produtos químicos e processos
farmacêuticos e obteve uma medalha de ouro. Na apreciação de Miers, a coleção era
instrutiva e, por isto, atraiu a atenção de vários homens de ciência. Para ele a coleção
poderia servir de “núcleo para um útil Museu Econômico”. Foram elogiadas também as
preparações químicas de outros expositores brasileiros, especialmente do Rio de
Janeiro, sendo que 4 deles receberam medalhas e 2 menções honrosas.
Na 2ª Exposição de que o Brasil participou oficialmente, em 1867, um
ano depois da abertura do Rio Amazonas à navegação internacional, o grande
sucesso da seção brasileira foram as madeiras vindas do Pará e do Amazonas,
juntamente com o café, garantindo a obtenção de duas medalhas de ouro, embora o
pavilhão brasileiro só tenha ficado pronto um mês após a abertura oficial e não tenha
constado da primeira edição do catálogo da Exposição.Theodoro Peckolt
O pavilhão brasileiro foi decorado como uma floresta virgem cuja
abóbada era formada pela ramagem superior de uma árvore onde, nos intervalos,
podia-se apreciar um céu azul e transparente. Na sala principal podia-se ver
“a nossa bela coleção de algodões, a borracha, o guaraná, os óleos
medicinais, os produtos farmacêuticos, entre os quais se notava em lugar de
destaque, a boa coleção do Sr. Peckolt (…)”
Com o fim de instruir os visitantes sobre as condições do Brasil e as
oportunidades de investimentos e de realizações de negócios, foi organizada uma
publicação com informações variadas – “O Império do Brasil na Exposição Universal de
1867” – editado em 5 línguas.
O cientista inglês John Miers foi novamente contratado para apresentar
um estudo sobre a nossa exposição. Neste evento o Brasil recebeu ao todo 105
prêmios: 2 medalhas de ouro, 16 de prata, 38 de bronze, 44 menções honrosas e 3
prêmios fora do concurso, além dos prêmios especiais para a colônia de Blumenau e
para a cultura do Algodão. Diferentemente do que ocorreu na Exposição de Londres,
nenhum produto químico ou farmacêutico recebeu medalhas de ouro ou prata e
menções honrosas. Theodoro Peckolt, João Domingues Vieira, Félix Faraut,
expositores do Rio de Janeiro receberam medalhas de bronze.
No caso específico da química e da farmácia, o que se pode notar é
que embora os expositores da área tivessem recebido alguns prêmios, este fato não
concorreu para a expansão de suas atividades. A leitura dos relatórios destaca a
qualidade dos produtos químicos fabricados no país, mas também a falta de um
ensino de química mais voltado para as aplicações industriais, bem como de incentivo
à implementação de indústrias no país.
No caso específico da indústria farmacêutica, continuando a tendência
verificada já na primeira metade do século XIX, algumas boticas, agora denominadasTheodoro Peckolt
farmácias e drogarias, foram progressivamente se transformando em laboratórios
farmacêuticos, responsabilizando-se pela produção de medicamentos usados em
maior escala. A partir da década de 1860, observa-se um efetivo incremento na
produção de medicamentos, sustentado em procedimentos técnico-científicos.
Passou-se então a contar com nomes proeminentes que contribuíram de forma
decisiva para o incremento da qualidade da medicina praticada no Brasil.
Os farmacêuticos que participaram das Exposições destacam-se no
mercado nacional através da apresentação de novos produtos de origem vegetal,
como princípios ativos, extratos e produtos oficinais, de origem mineral, como produtos
químicos para uso oral, e até de origem animal, como os produtos opoterápicos, soros
e vacinas. Apesar dos avanços, a concorrência de produtos importados permanecia
acirrada, com um grande número de remédios secretos, sem garantia, acompanhados
de anúncios e de altos preços.
O RETORNO DE PECKOLT À CORTE
Nos necrológios escritos por IHERING (1912) e MENDONÇA (1912)
encontramos a informação de que Peckolt, ao mudar-se em abril de 1868 para a
Corte, fundou a Farmácia Peckolt, na Rua da Quitanda, 193 (posteriormente, 157). No
entanto, no Almanak Laemmert está o registro de que, no período de 1869 a 1871,
Peckolt associou-se a Frederico Augusto Duvel, farmacêutico já estabelecido na Corte.
De acordo com o que se lê no Almanaque de 1867: “laboratório químico e
farmacêutico pelo sistema alemão, Rua do Rosário número 69”. A sociedade destes
farmacêuticos deu-se através da farmácia “Peckolt & Duvel – Farmacêuticos da Casa
Imperial”, localizada na rua Direita número 59 (posteriormente, rua Primeiro de Março),
conforme podemos confirmar pelo anúncio na mesma publicação (Figura 09).Theodoro Peckolt
Figura 09 – Anúncio da farmácia Peckolt & Duvel (Almanak Laemmert,
1870)
Peckolt havia recebido em 1869, das mãos do Duque de Saxe, um dos
genros de D. Pedro II, o título de Farmacêutico da Casa Imperial, o qual passou a
utilizar como meio de propaganda de seus estabelecimentos comerciais. Foi também
nomeado Membro Correspondente de todas as Sociedades Farmacêuticas da Áustria
e da Rússia, foi agraciado pelo Rei da Suécia com o título de Comendador da Estrela
Polar e aceito como membro honorário da Sociedade de Geologia de Buenos Aires e
sócio honorário de Sociedades Farmacêuticas da Inglaterra.
A dissolução da sociedade deve ter ocorrido em 1872. Ao consultar a
lista das farmácias da Corte encontramos a de Frederico Augusto Duvel, no endereço
acima citado e a de Peckolt, “Pharmacia Imperial” na rua da Quitanda, 193,
posteriormente 157 “em frente ao Beco do Bragança” (Figura 10), que, segundo o
anúncio publicado na seção de notabilidades do mesmo almanaque seria a ”Drogaria
e Laboratorio de Productos Chimicos de T. Peckolt & C.” (Figura 11), onde já estavamTheodoro Peckolt
alguns dos produtos que haviam sido apresentados por Peckolt nas Exposições
Nacionais e Universais: pós de doliarina, preparação de leite da gameleira, agoniadina
fluida, extratos de caroba, salsaparrilha e japecanga. Na farmácia mandou construir
um laboratório em que continuou a analisar nossas plantas (Figura 12).
Figura 10 – Rua da Quitanda (Augusto Malta, Arquivo da Cidade do
Rio de Janeiro)Theodoro Peckolt
Figura 11 – anúncio da Farmácia Peckolt (Almanak Laemmert, 1872)
Figura 12 – Papel timbrado da Farmácia Peckolt
Ao pesquisarmos o referido Almanaque, encontramos no ano de 1872
alguns anúncios da Farmácia Peckolt, de onde podemos listar alguns dos produtosTheodoro Peckolt
fabricados: Vermífugo Brasileiro, Pós de doliarina, Rob vegetal brasileiro (sic), Xarope
anti-reumático e antiartrítico, Óleo electrico, Kamalina (específico contra a solitária),
Peitoral de cuscuta, Olfatório anticatarral, Painkiller brasileiro, Purgante antihemorroidal,
Pílulas brasileiras contra impingens, Ungüento antivulnerário, Sabão
antimorfético, Sabão cosmético, Agoniadina fluida, etc.
Encontramos em 1872 o registro de Peckolt como membro adjunto da
Seção Médica da Academia Imperial de Medicina, o que é interessante, pois desde a
transformação, em 1835, da antiga Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro na
referida Academia, já existia uma Seção de Farmácia. Ao lado do nome de Peckolt
pode-se observar os símbolos de duas condecorações: a de cavaleiro da Ordem da
Rosa e Cavaleiro da Ordem Sueca da Estrela Polar.
Ainda residindo em Cantagalo, em 21 de março de 1864, Peckolt
apresentou à Academia Imperial de Medicina, a memória “Do Prunus Brasiliensis”
(“gingeira brava”, “cerejeira brava”) a fim de obter a posição de membro
correspondente. Sua memória foi publicada na Gazeta Médica do Rio de Janeiro
(1864)2
, juntamente com o parecer a seu respeito assinado por João Vicente Torres
Homem.
Nesta mesma revista , em outubro de 1863, publicou um trabalho sobre
“O Leite da Gameleira – leites vegetais em geral”, onde descreve a maneira de se
produzir a “doliarina”, um dos seus mais famosos produtos farmacêuticos, segundo ele
“agente eficaz no curativo da opilação”.
O nome de Peckolt aparece como membro titular da seção
farmacêutica nos “Annaes da Academia de Medicina do Rio de Janeiro” a partir de
1884, quando ocorre uma mudança nos estatutos. Entre 1896 e 1897 aparece como
membro titular da seção de farmacologia e a partir de 1900 como membro honorário
da referida Academia.
2
Gazeta Médica do Rio de Janeiro, 1864, n. 8, 15 de abril, pp.85-89.Theodoro Peckolt
Na pasta relativa a Theodoro Perckolt na Academia Nacional de
Medicina, localizamos um levantamento sobre os cargos que ele ocupou na seção
farmacêutica: vice-presidente, no biênio 1892/1893, e secretário entre 1893/1895, mas
não conseguimos confirmar estas informações em livros-atas ou outros documentos
oficiais.
Localizamos, também, na biblioteca daquela entidade, dois trabalhos de
Theodoro Peckolt, que não haviam ainda sido citados anteriormente: “Estudo botanico,
pharmacologico e therapeutico sobre a Muyrapuama (Ptychopetalum olacoides
Benth)” e “Estudo botanico, pharmacologico e therapeutico sobre a sicopira vermelha
(Bowdichia virguloides, H.B.K.)”. Estes trabalhos receberam menção honrosa no
“Quarto Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia”, realizado no Rio de Janeiro em
1900. É interessante destacar o fato que Peckolt já contava 78 anos de idade e ainda
estava em plena atividade.
Nestas duas memórias, Peckolt, diferentemente de outros trabalhos,
apresenta diversas referências, com destaque para pesquisadores das universidades
de Zurique, de Iena e de Erlangen, além de citar também brasileiros como Nicolau
Joaquim Moreira, Freire Allemão, Vieira de Mattos e Saldanha da Gama.
Ao instalar-se na Corte, Peckolt irá fazer parte de um seleto grupo de
farmacêuticos que progressivamente transformaram suas farmácias em laboratórios
farmacêuticos, responsáveis pela produção de medicamentos em mais larga escala. A
Tabela 06 lista os principais laboratórios farmacêuticos fundados no Rio de Janeiro
entre 1844 e 1889:
Tabela 06. Principais Laboratórios Farmacêuticos do Rio de Janeiro (1838-1889) (CARRARA e
MEIRELLES, 1996)
Nome Local Início Término
Ezequiel Corrêa dos Santos;
Ezequiel Corrêa dos Santos & Filhos
(1853)
Ezequiel e Filhos (1858)
Ezequiel, Filhos & Dantas (1860)
Vva Santos & Filhos (1864)
r. do Conde, 24
r. do Piolho, 113
r. do Areal, 4
r. do Riachuelo (1878)
1838 1878Theodoro Peckolt
A. J. Mariz r. dos Ourives 1840 1844
Jean Louis Alexandre Blanc r. do Ouvidor, 163 1844 1866
Jean Marie Souillé r. do Ouvidor 1844 1889
Frederico Augusto Duvel;
Peckolt & Duvel (a. 1869)
Frederico Augusto Düvel (a. 1872)
r. do Rosário, 63
r. Direita, 59 (a. 1869)
1844 1889
Laboratorio Chimico Pharmaceutico do
Episcopal Seminário de São José, de
Lourenço Antonio da Silva Rosas &
Joaquim Figlio
Ladeira do seminário, 4 1861 1865
A. Gary & Cia;
L.F. Gary & Cia (a. 1883)
Pr. Botafogo, 32 (c. 1854);
r. Gonçalves Dias, 47 (a. 1876)
1861 1883
Pharmacia Humanitaria Feliz Faraut & Cia r. do Cano, 77 1862 1872
Pharmacia e Laboratorio Chimico Italiano,
de Ercole Foglia
r. do Conde, 26 1862 1896
Drogaria e Imperial Fabrica de Productos
Chimicos e Pharmaceuticos de Eduardo
J. Janvrot (1863); Macedo Reis & Cia. (a.
1879); Janvrot & Macedo (a. 1885); L. de
Macedo & Cia. (c. 1891)
r. da Quitanda, 41 1863 1909
Drogaria e Laboratorio de Productos
Chimicos – Deutsche Apothek, de Manoel
Teixeira Cardoso
r. Direita,3 1864 1869
Pharmacia Chimica N. S. da Conceição,
de Candiani Figlio & Oliveira
r. do Parto, 180 1864 1869
Laboratorio de Productos Chimicos e
Pharmaceuticos de A. B. Forzani;
Vva. Forzani & Cia. (a. 1881)
Vva. Forzani & Pagani (a. 1893)
Praça do Engenho Novo, 3 1868 1898
Pharmacia Imperial de Theodor Peckolt &
Cia.
r. da Quitanda, 193 1872 1904
Eugenio marques de Hollanda;
Laboratorio da Flora Medicinal;
Cia. da Flora Brasileira
r. Visconde do Rio Branco, 14 1875 1892
Silva Araújo & Cia; Cia Pharmaceutica
Silva Araujo (a. 1891);
Fábrica de Productos Chimicos de Silva
Araujo & Cia (a. 1899)
r. Primeiro de Março, 5 1876 ?
Antonio Borges de Castro & Cia;
Cia Industrial e Pharmaceutica (c. 1892)
r. do Catete, 237
r. Marquês de Abrantes, 59 (a.
1892)
1881 1892
Werneck, Leoni & Cia. r. dos Ourives, 73 1881 1896
A.J. Machado & Cia;
A. Machado & Cia (a. 1884)
r. Barão de S. Felix, 47 1882 1890
Aguiar & Furquim Werneck;
A. Furquim Wernck (a. 1885)
– 1883 1890
Francisco Aguiar; Freire de Aguiar & Cia
(a. 1888); Freire de Aguiar & Filhos (a.
1890) (Laboratorio Chim ico
Pharmaceutico Freire Aguiar)
r. Conde de Bonfim, 147 1886 1905
A análise desta tabela permite perceber alguns nomes já citados por
sua participação nas Exposições Nacionais, juntamente com Theodoro Peckolt.
Peckolt também foi membro da seção de “química e toxicologia” do
“Instituto Pharmaceutico do Rio de Janeiro” (1858-1887), uma das mais importantesTheodoro Peckolt
associações que congregou farmacêuticos no século XIX, e que, ao contrário de suas
congêneres, teve vida longa, durando mais de trinta anos.
O LABORATÓRIO QUÍMICO DO MUSEU NACIONAL
Em 1874, Peckolt foi contratado por Ladislau de Souza Mello e Netto
(1838-1894), então diretor do Museu Nacional, para organizar a seção de química
analítica, sendo responsável pelo Laboratório Químico. Este cargo ocupado por
Peckolt tem sido muito citado pelos historiadores da química no Brasil (RHEINBOLDT,
1955; GONÇALVES, 1993; MATHIAS, 1995) como tendo sido prodigiosa em
trabalhos, pois, “independente de suas ocupações normais, publicou numerosos
trabalhos sobre Zoologia, Botânica, Fitoquímica e Entomologia nas principais revistas
da Europa, da América do Norte e do Brasil” (RHEINBOLDT, 1955). A afirmação,
todavia, não é confirmada pela documentação. Até recentemente, não tínhamos
registros precisos das atividades então desenvolvidas e, nem mesmo, do período de
permanência de Peckolt no cargo. No Almanak Laemmert, seu nome só aparece em
1875 como chefe do Laboratório Químico do Museu. Em 1876 o Museu foi
reorganizado por decreto de 9 de fevereiro, não existindo mais o registro do nome de
Peckolt, nem mesmo o do Laboratório Químico.
Segundo ANDRADE (1922, 1949), a orientação do Museu para a
Química deve-se ao fato de a instituição ter-se iniciado com uma coleção
mineralógica, conhecida como a “Coleção Werner”, composta de minerais da Saxônia,
comprada de Karl Eugen Pabst von Ohain, assessor de minas da Academia de Minas
de Freiberg, provavelmente em 1805, por ordem de Antonio Araújo de Azevedo, o
conde da Barca, para o Museu de História Natural de Lisboa. Seus 3326 exemplares
foram catalogados por Abraham Gottlob Werner, e classificados segundo a sua
composição química e os princípios cristalográficos de Haüy (LIVRO DE OFÍCIOS DO
MUSEU NACIONAL, 1825). Esta coleção, após a extinção da Casa dos Pássaros, emTheodoro Peckolt
1810, foi levada pelo General Napion para o Arsenal do Exército, juntamente com
alguns instrumentos de Física destinados aos estudos práticos dos alunos da antiga
Academia Militar (NETTO, 1870). Em 1816, a coleção, já ampliada com minerais
brasileiros, foi transferida para a Academia Militar e confiada ao lente de mineralogia
Frei José da Costa Azevedo (1763-1822), que veio a ser o primeiro diretor do Museu
Real (1818-1822).
Após a Independência, o museu passou a denominar-se Museu
Imperial, e com o falecimento de Azevedo, em 1822, foi nomeado diretor o Dr. João
Silveira Caldeira (1800-1854). Caldeira permaneceu como diretor no período de 1823
a 1827 e ele, que era graduado em medicina pela Universidade de Edimburgo,
conseguiu instalar, em 1824, um laboratório químico para análises. Este laboratório
ficou localizado na parte baixa do edifício, conforme se pode ler na reprodução do
decreto de sua criação:
Decreto de 15 de dezembro de 1824
“Manda Sua Majestade o Imperador pela Secretaria do Estado dos Negócios
do Império participar ao Diretor do Museu Nacional que lhe foi presente o
seu Ofício de 9 de novembro próximo passado, no qual mostra as vantagens
práticas, que possam resultar à Nação do estabelecimento de um Laboratório
Químico nesta Corte, e o local mais apropriado para o seu assentamento;
ajuntando uma lista dos Aparelhos e Instrumentos necessários para o fim
proposto. E o Mesmo Augusto Senhor, Havendo dado nesta data Suas
Imperiais Ordens para se mandar pela Repartição dos Negócios Estrangeiros
proceder a compra dos mencionados Instrumentos; tem resolvido que o
edifício do Laboratório se faça no mesmo terreno do Museu, por baixo dos
novos salões que estão se fazendo, como já proposto pelo mencionado diretor.
Palácio, Rio de Janeiro, 15 de dezembro de 1824
Estevão Ribeiro Rezende (DOCUMENTOS MUSEU NACIONAL, 1824)
Além de criar o laboratório, o imperador autoriza a compra em Paris dos
instrumentos solicitados pelo diretor. Os instrumentos chegaram em 35 caixas entre osTheodoro Peckolt
meses de janeiro e fevereiro de 1826 (DOCUMENTOS MUSEU NACIONAL, 1824). No
laboratório predominaram as análises de produtos minerais e, entre essas, as
primeiras análises de combustíveis nacionais, bem como de amostras de pau-brasil
enviadas de diversos pontos do território.
Devemos destacar que os primeiros diretores do Museu Imperial, foram
professores de História Natural, Mineralogia ou Química da Academia Militar, e
integraram, de certo modo, a geração de ilustrados que contribuiu de forma decisiva
para a consolidação das instituições científicas e educacionais do país. Eles foram os
autores dos primeiros livros didáticos de química e mineralogia aqui publicados. Até
1842 dirigiram o museu praticamente sozinhos, além de desempenharem suas
funções de professor e de realizarem análises de diversos materiais no Laboratório
Químico do Museu.
A atividade, o possível bom aparelhamento e a importância desse
Laboratório Químico podem ser avaliados também pela sua contribuição à pesquisa
médica e a mineração no país. Em 1828, o museu emprestou à Casa da Moeda os
fornos de ensaio e capelas para servirem de modelos aos que se fariam naquela casa.
A Sociedade de Medicina da Corte pediu autorização em 1831 para que qualquer um
de seus membros pudesse utilizar o Laboratório e os instrumentos disponíveis no
Museu, já que ela não dispunha de recursos para atender aos pedidos de análises que
lhe eram feitos, nem tampouco realizar “experiências químicas para ilustrar vários
pontos das ciências” (DOCUMENTOS MUSEU NACIONAL, 1828, 1831)
Em 1849, foi introduzido no Museu um curso de Química Aplicada às
Artes mantido pela Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional e, de 1850 a 1852, o
Dr. Francisco Ferreira de Abreu, catedrático de medicina legal e professor de física e
química das filhas de D. Pedro II, deu cursos gratuitos de Medicina Legal. Ao introduzir
noções de Química Toxicológica, influenciou a divulgação de novos conhecimentos de
Química no país.Theodoro Peckolt
De acordo com LOPES (1997), os historiadores da química no Brasil,
errôneamente, não consideram o Laboratório Químico como parte integrante da
concepção do museu. De acordo com o explicitado na “Instrução para os viajantes e
empregados nas colônias sobre a maneira de colher, conservar e remeter os objetos
de História Natural…” (1819), documento que expressa o “ideal de funcionamento” do
Museu em seus primeiros 25 anos, “o competente conhecimento de um bom e bem
provido Laboratório Químico” era essencial para a identificação e classificação dos
produtos que se acumulavam no museu, exatamente para serem analisados,
identificados, classificados e rotulados segundo suas propriedades e utilidades.
Na reformulação do Museu por Ladislau de Souza Mello Netto, iniciouse
a publicação dos “Archivos do Museu Nacional”. Ladislau esteve à frente do museu
por mais de 25 anos, entre 1866 e 1893, e foi sem dúvida o grande organizador do
Museu Nacional segundo os padrões vigentes nas décadas de 60 e 70 do século XIX
(LOPES, 1993). A instituição passou a contar com uma publicação científica, com
cursos e conferências públicas, e com o trabalho de vários naturalistas nacionais e
europeus. Dentre os estrangeiros, Charles Frederic Hartt (discípulo de Agassiz) dirigiu
a seção de Geologia, seguido por Orville Derby, Friedrich Müller e Hermann von
Ihering foram naturalistas viajantes do Museu, Emílio Goeldi dirigiu a seção de
Zoologia e Theodoro Peckolt encarregou-se do laboratório químico.
THEODORO PECKOLT E O LABORATÓRIO QUÍMICO DO MUSEU
NACIONAL
Em nossas pesquisas, realizadas junto ao Projeto Memória do Museu
Nacional, conseguimos localizar alguns poucos documentos para tentar traçar o
trabalho de Theodoro Peckolt à frente do Laboratório Químico do Museu Nacional.
Conforme já destacamos, vários historiadores relatam este período como um dos mais
produtivos de Peckolt, ANDRADE (1949) inclusive diz: “Peckolt iniciou aí seusTheodoro Peckolt
memoráveis trabalhos sobre as nossas plantas e as nossas coisas (…)”. Todavia,
Peckolt fica à frente do Laboratório por um período inferior a dois anos – de abril de
1874 a janeiro de 1876, saindo antes da reforma do Museu, a qual, por sinal, incorpora
o laboratório a uma das seções, fazendo com que ele deixe de ter status próprio.
A leitura dos relatórios, documentos e ofícios do Museu Nacional nos
fazem inferir que o Laboratório Químico entrou em decadência nos últimos anos da
gestão de Burlamaque e principalmente durante a gestão do botânico Francisco Freire
Alemão (1866-1874), o primeiro a quebrar uma longa dinastia de diretores ligados
diretamente à mineralogia ou à química. Ocorrera, também, a retirada de
equipamentos e materiais pelas instituições de ensino da corte.
Ladislau Netto, no RELATÓRIO de 1874, diz, na parte referente ao
laboratório,
“o antigo e outrora tão bem organizado laboratório do Museu Nacional (…)
faz de fogo morto há mais de 12 anos e ficará totalmente dentro de pouco
tempo se não for desde já reformado e convenientemente elevado à altura
em que exige a marcha progressiva das ciências físicas e naturais. Sobre
estes reparos e melhoramentos pedi não há muito a V. Ex. autorização para
que dele possa encarregar desde já o Sr. Theodoro Peckolt, ficando aquele
ilustrado químico incubido ao mesmo tempo das análises constantemente
exigidas em boa parte de nossos trabalhos cotidianos”
Encontramos um ofício do Ministério dos Negócios da Agricultura,
Comércio e Obras Públicas, de março de 1874, solicitando a Ladislau Netto que
indicasse a quantia necessária para o restabelecimento do Laboratório Químico e
também a retribuição a ser dada a Peckolt (DOCUMENTOS MUSEU NACIONAL,
1874:24).
Peckolt seria contratado em abril daquele mesmo ano, conforme o
ofício abaixo e o ofício de nomeação (Figura 13) :Theodoro Peckolt
Ofício n0 3
Rio de Janeiro, Ministério dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras
Públicas, em 17 de abril de 1874
Declaro a Vmce, em solução ao seu ofício de 16 de março último que
autorizo a despesa de um conto de réis (1:000$000) com o restabelecimento
do Laboratório Químico do Museu Nacional e bem assim de um conto e
duzentos mil réis (1:200$000) anuais para honorários do Dr. Theodoro
Peckolt, que fica encarregado não só da reorganização do dito Laboratório,
mas também da análise de todos os minerais de classificação duvidosa e da
de qualquer substância orgânica desconhecida das outras seções desse
Estabelecimento.
Deus Guarde a Vmce
José Fernandes da Costa Pereira Jr.
Ao Ilmo Diretor do Museu Nacional
Figura 13 – Ofício de nomeação de Teodoro Peckolt
Peckolt iniciou seus trabalhos de reorganização com a aquisição de
drogas e materiais da Alemanha (Dresden e Hamburgo) e nacionais (DOCUMENTOS
MUSEU NACIONAL, 1874).
Segundo Ladislau Netto, no RELATÓRIO de 1875, quase nada pôde
ser aproveitado do antigo laboratório, mas Peckolt estava montando um “laboratório
moderno e preparado para quaisquer análises”. Parte do terraço em construção seria
destinado ao referido laboratório. Infelizmente a biblioteca do Museu Nacional nãoTheodoro Peckolt
possui o Relatório de 1876, que poderia nos ajudar a tentar compreender a saída de
Peckolt e porque o Laboratório Químico deixou de fazer parte da estrutura do Museu a
partir de 1877.
Do ano de 1876, encontramos apenas dois documentos relativos ao
Laboratório Químico: o ofício no qual Peckolt solicita o seu desligamento dos quadros
do Museu e uma nota de venda ao Museu de produtos químicos da Drogaria e
Farmácia Peckolt. (DOCUMENTOS MUSEU NACIONAL,1876). A leitura do ofício com
o pedido de desligamento de Peckolt transmite a sensação de mágoa e até mesmo de
um certo alívio em deixar a instituição:
Ofício de 10 de janeiro de 1876
Ilmo. Sr.
Com sumo prazer tenho a honra de declarar a V. Sa. que
desde o dia primeiro deste mês, deixo de pertencer à classe dos empregados
deste Museu, porque conforme as exigências de V.Sa. não me é possível
continuar no emprego de chefe do Laboratório Químico e espero que tenha a
bondade de mandar riscar meu nome da lista dos ditos empregados.
Deus guarde V. Sa.
Rio de Janeiro, 10 de janeiro de 1876
Ao Ilmo. Sr. Dr. Ladislau Netto – Diretor do Museu Nacional
Ass: Dr. Theodoro Peckolt
Ao tentarmos refletir sobre a saída de Theodoro Peckolt do Museu
Nacional, podemos inferir que ele não se adaptou em ser um “funcionário” do museu e
excercer funções que não se enquadravam em seu perfil de pesquisador. A década de
1870 foi um período de renovações substanciais em termos da cultura científica
brasileira, levando à demarcação de especialidades, isto é, do campo de atuação dos
profissionais de ciências. Peckolt era um especialista nos estudos da fitoquímica de
plantas brasileiras e dentre suas atribuições como responsável pelo Laboratório
Químico do Museu estava também a análise de diversos materiais, prioritariamente
minerais, que não eram seu objeto de estudo.Theodoro Peckolt
OUTRAS ATRIBUIÇÕES
Peckolt também aparece como membro da Associação Brasileira de
Aclimação, fundada em 7 de maio de 1872, sob a proteção do Imperador. Essa era
uma imitação do movimento originário da França, que se propunha a testar a
adaptabilidade da biota européia, inclusive dos seres humanos, a suas colônias
tropicais (DEAN, 2000). Essa sociedade propunha pesquisar sobretudo a viabilidade
da domesticação de plantas nativas. Só encontramos registro dessa associação até o
ano de 1884.
Como dado curioso, Peckolt foi presidente do “Club Schubert,
sociedade musical allemã”, fundada em 20 de novembro de 1882, que funcionou na
Rua do Passeio, 11.
Peckolt também foi membro da Sociedade Nacional de Agricultura,
onde ocupava a cadeira de número 13, o que não pudemos confirmar oficialmente,
pois o arquivo histórico dessa instituição foi queimado em um incêndio. A informação
foi obtida pessoalmente de seus descendentes. Ele também tinha prestígio junto ao
antigo Instituto Brasileiro do Café, que em homenagem póstuma ornou seu túmulo
com um uma escultura em bronze que representava ramos de café (O. PECKOLT,
1998). Lamentavelmente, esta escultura foi furtada de seu jazigo.
Em 1885, o Dr. Fournier, professor de botânica de Paris, autor da seção
Asclepiadaceas da obra “Flora Brasiliensis” de von Martius, denominou um novo
gênero dessa família de Peckoltia.
AS PUBLICAÇÕES DE PECKOLT
Inegavelmente é de Theodoro Peckolt o recorde brasileiro de análise
química das plantas da flora nacional do século XIX, e acreditamos que este recordeTheodoro Peckolt
permaneça ainda hoje. Nos seus 65 anos de trabalho no Brasil, ele publicou dados
acerca de 6000 plantas, segundo nos informa IHERING (1912) e MENDONÇA (1912),
na sua grande maioria pertencentes ao domínio da Mata Atlântica.
Em nossas pesquisas, conseguimos identificar cerca de 2000 plantas, a
respeito das quais Peckolt publicou dados de morfologia, botânica e usos
farmacêuticos ou alimentares. No entanto, foi em menor número, cerca de 285, as que
ele apresentou análises químicas. Na grande maioria dos casos ele analisava folhas,
flores e cascas separadamente e, segundo ele mesmo, cada análise publicada
correspondia a uma média de três ensaios realizadas.
Já residente no Brasil, Peckolt começou a publicar seus trabalhos antes
mesmo de começar a escrever em português. Os primeiros saíram em revistas
farmacêuticas alemãs e, pelo que conseguimos averiguar, parece que sua primeira
obra em nossa língua foi a explicação que acompanhava a coleção enviada à
Exposição Nacional de 1861. As publicações internacionais estão compreendidas no
período entre 1859 e 1911. Os estudos de 1860 a 1899 compreendem as espécies da
flora brasileira de maior interesse na Europa. A partir de 1899 o estudo das plantas
medicinais brasileiras torna-se a tônica de sua obra publicada fora do país.
De uma lista preliminar retirada do necrológio escrito por IHERING
(1912), onde contabilizávamos 124 referências, conseguimos localizar 170
publicações, entre artigos em periódicos e livros, sendo 32 em português, 03 em inglês
e as 135 restantes em alemão (Anexo 1).
As publicações em alemão são as que concentram a maior parte de sua
obra, cerca de 79%, com destaque para as seguintes revistas: Archiv der Pharmacie.
Zeitschrift des Allgemeinen Deutschen Apotheker-Vereins (Berlim, 1859-1865),
Zeitschrift des Allgemeinen Oesterreichischen Apotheker (Viena, 1865-1896), Berichte
der Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft (Berlim, 1896-1911). Pusemos entre
parênteses o período em que Peckolt publicou.Theodoro Peckolt
Outra importante informação que esta extensa bibliografia nos oferece é
que 42 destas obras foram publicadas enquanto Peckolt ainda residia em Cantagalo e
que das 128 publicadas enquanto fixou residência no Rio de Janeiro, apenas 02 são
do período em que esteve à frente do Laboratório Químico do Museu Nacional (1874-
1875). Este dado questiona alguns de seus biógrafos, que em geral citam aquele
período como um dos mais férteis de sua carreira.
Destacam-se entre as suas obras nacionais: Análises da Matéria
Médica Brasileira, 108 páginas, (1868), História das Plantas Alimentares e de
Gozo do Brasil, em 5 fascículos (1871 a 1884) e História das Plantas Medicinais e
Úteis do Brasil, em 8 fascículos (1888 a 1914 -póstuma), escrita em colaboração com
seu filho, também farmacêutico, Gustavo Peckolt (1861-1923). Este trabalho contém a
classificação botânica e descreve as técnicas de cultura, as partes próprias para uso,
a composição química, o emprego em diversas moléstias, as doses, os usos
industriais, etc. de plantas brasileiras Estas duas últimas obras são ainda hoje citadas
em virtude de sua amplitude.
ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE A OBRA DE PECKOLT
Pelo que pudemos verificar, Theodoro Peckolt trabalhou inicialmente
sozinho e, posteriormente, com seu filho Gustavo Peckolt. Seu método de trabalho era
minucioso, já que procurava fornecer, além de descrições botânicas, dados precisos
de análises químicas. Algumas delas foram feitas em laboratórios de universidades
alemãs, principalmente as de cinzas. Este zelo pelas análises foi justificado no prólogo
do primeiro volume da História das Plantas Medicinais e Úteis do Brasil (1888):
“O grande valor do estudo químico das plantas aumenta todos os
dias: é a base da matéria médica, e também uma barreira invencível a
inundação de plantas inertes, que pela ignorância ou pelo fanatismo tenham
se vulgarizado. Uma planta oficinal sem indicação de sua composição
química é um medicamento duvidoso que deve ser posto de lado, e não éTheodoro Peckolt
ao todo que se deve ter em vista, mas sim às suas partes componentes, e
principalmente ao princípio ativo que serve para explicar a sua ação. Ao
publicarmos o resultado dos nossos estudos, não é nosso intuito apresentar
a última palavra; mas unicamente oferecer um ponto de partida para
trabalhos de maior fôlego, que tenham o poder de significar que os médicos
e farmacêuticos brasileiros compreendam que não lhes é lícito conservar-se
inativos, concorrendo assim, para que continuem a serem feitas no
estrangeiro a maior parte das investigações sobre a Flora Brasileira”
(Peckolt, 1888)
Peckolt pode ser considerado um dos precursores da etnofarmacologia,
por considerar importante sistematizar e estudar as tradições populares do uso das
plantas medicinais como forma de estratégia para a investigação e comprovação de
suas propriedades terapêuticas.
Ele é considerado por DANUSA (2001) como o “pai da farmacognosia
brasileira”. A palavra grega pharmakon significa substância medicinal, planta curativa
ou veneno, mas desde as origens podemos perceber que delimitação é tênue. Gnosis
significa conhecimento, e, assim, esta palavra começou a ser usada por Guibourt,
professor da Faculdade de Farmácia de Paris, para designar uma disciplina do referido
curso, onde seriam estudados remédios a partir de drogas simples. Anteriormente, o
químico alemão Theodoro Martius já havia utilizado a mesma palavra para designar os
princípios ativos das plantas que resultavam em remédios.
A organização farmacognóstica apresentada por Theodoro Peckolt em
seu primeiro trabalho em português – o “Catálogo Explicativo da Coleção de
Pharmacognosia e Chimica Organica, enviada à Exposição Nacional de 1861”, que
seria um apanhado de diversos artigos que já vinha publicando em revistas
farmacêuticas alemães, principalmente no Archiv der Pharmazie, o acompanhará
pelos seus 65 anos de trabalho com plantas brasileiras. É interessante observar que
nem todas as informações deste primeiro trabalho em língua portuguesa observam o
rigor dos estudos de farmacognosia das plantas européias, até porque não havia
dados como, por exemplo, os registros botânicos da Flora Brasileira, de von Martius,Theodoro Peckolt
que, em grande parte, foram obtidos através da colheita de exemplares de espécies
feitas pelo próprio Peckolt.
A partir do isolamento e da identificação da morfina pelo químico
alemão Friedreich Sertürner (1803), os alcalóides seriam amplamente estudados,
sendo que o primeiro brasileiro a isolar um alcalóide a partir de uma planta brasileira
foi o já citado Ezequiel Correa dos Santos (a pereirina, 1838). Como não poderia
deixar de ser, a busca do isolamento de novos alcalóides pautou boa parte dos
trabalhos analíticos de Peckolt.
O trabalho de Peckolt é singular quando comparado ao de outros
farmacêuticos brasileiros do século XIX. Seus estudos foram dirigidos pelos moldes da
farmacognosia européia, ainda que com lacunas de informações. Conforme ele próprio
nos informa em seu livro “História das Plantas Medicinais e Úteis do Brasil” (1888-
1914), não realizava menos de três análises em cada parte da planta para depois
publicar, demonstrando ser minucioso e metódico. Outra característica que pode ser
notada no amplo leque de seus trabalhos é o fato de quase nunca se restringir a
analisar apenas a parte da planta normalmente usada pelo povo.
Outro ponto que podemos destacar no trabalho de Peckolt é que ele
dava para quase todas as plantas uma sinonímia botânica e popular abundante. Além
disto, sempre que possível, ele incluia, também, a sinonímia indígena dos vegetais
analisados.
Os princípios intrínsecos da farmacognosia, isto é, sistematizar, agrupar
e organizar, foram seguidos por Peckolt. Na Europa ou no Brasil sempre se seguia a
ordem alfabética para os nomes científicos das plantas ou dos princípios ativos
encontrados em determinados grupos de plantas. Em sua primeira coletânea, Peckolt
utilizou a ordem alfabética para os nomes vulgares das plantas, com o objetivo de
atingir um público maior, no caso os agricultores. Mas já na sua coletânea seguinte,
retornou aos nomes científicos. Este último procedimento foi utilizado em suasTheodoro Peckolt
publicações alemãs, em que ele geralmente discorre sobre os gêneros e as famílias
como grandes grupos, para depois tratar de cada espécie individualmente.
Em suas obras fez anotações importantes sobre diversos assuntos:
geografia, topografia, geologia, hidrografia, clima e solo dos estados brasileiros. Ele
considerava o homem como o agente mais perigoso no grupo dos modificadores dos
terrenos e já previa, assim como outros naturalistas brasileiros da época, a futura
necessidade de recuperação do solo destruído pela prática da queimada:
Outras situações analisadas quimicamente por Peckolt e que, ainda
hoje, permanecem bastante atuais são os efeitos das queimadas no ar que respiramos
e o conseqüente aumento da temperatura.
Segundo MORS (1997), Peckolt isolou um grande número de
compostos cuja identificação só foi possível algum tempo depois, com o
aperfeiçoamento dos métodos de análise.
Apesar dos largos passos dados na separação dos princípios ativos das
plantas medicinais brasileiras, isso não significou, em momento algum, que os
médicos brasileiros abririam mão dos remédios importados.
Em 13 de julho de 1902, quando Peckolt completou 80 anos, seu
prestígio internacional era tal que recebeu como presente um álbum com 105
fotografias de professores e pesquisadores de várias nacionalidades, sendo a maioria
de alemães, todas com dedicatórias e assinaturas autênticas. A dedicatória deste livro
é significativa e nos dá conta da importância e da boa recepção do trabalho de toda
uma vida de Theodoro Peckolt:
Caro colega,
“Você foi premiado com a rara benção de chegar aos oitenta anos e
continuar contribuindo com frescor juvenil para o desenvolvimento de nossaTheodoro Peckolt
comunidade científica. Com mãos infatigáveis, você habilmente produziu
numerosas e valiosas contribuições durante a sua vida, repleta de pesquisas
sucessivas utilizando os procedimentos mais simples, e tendo um
conhecimento superior ao de alguns de nós das plantas usuais na medicina
Brasileira e suas características.
Nós, seus “Companheiros – em – Armas”, comemoramos hoje, com
gratidão, os grandes avanços que a farmacognosia experimentou com você,
o corajoso pioneiro da cultura e ciência européia, e lhe enviamos o respeito
entusiasmado e os melhores votos de sua “Velha Terra Natal” do outro lado
do oceano.”
Sentindo faltar-lhe as forças, Theodoro registra em cartório a venda da
Farmácia Peckolt para seu filho Gustavo em 28 de outubro de 1911. Encontramos
registros de funcionamento da farmácia até 1914, isto é, dois anos após a morte do
fundador.
É singular que os resultados obtidos por este incansável cientista
tivessem sido tão pouco conhecidos e apreciados no país que ele considerava como
sua segunda pátria. Com seu falecimento, em 1912, desapareceu o último
representante de botânicos como A. F. Marie Glaziou, Ernest H. G. Ule, P. Karl H.
Dusen, Fritz Müller (1821-1897) e João Barbosa Rodrigues, que por numerosas
publicações e criação de coleções promoveram o conhecimento da flora do Brasil.
Em seus escritos brasileiros Peckolt reafirmava constantemente a
necessidade de uma farmacopéia brasileira, bem como de mais pesquisas, por parte
de médicos e farmacêuticos nacionais, sobre a flora brasileira.
A farmacopéia de Rodolpho Albino, publicada em 1926, representou um
grande avanço científico, não pelo fato de ser uma farmacopéia brasileira, com plantas
medicinais brasileiras, mas por apresentar a descrição microscópica de 136 drogas.
Em 1936, foi instituída a primeira revisão da farmacopéia, de cuja comissão fazia parte
o farmacêutico Oswaldo Lazarini Peckolt, filho de Gustavo e neto de Theodoro, o que
vem comprovar a longevidade do clã Peckolt na farmácia e na análise de plantas
medicinais brasileiras. Em 1942 esta comissão foi substituída, pois o interesse doTheodoro Peckolt
período estava voltado para os medicamentos sintéticos e para a alopatia, e, em 1952,
saiu a primeira publicação da segunda farmacopéia brasileira. Nesta segunda
farmacopéia, as 138 plantas que constavam da primeira reduziram-se a 10. Desta
forma podemos constatar que as cerca de 3000 plantas estudadas pelos Peckolts
foram relegadas ao quase total esquecimento no meio científico.
O Brasil não investiu até o momento em testes clínicos dessas plantas,
assim como são raros os trabalhos de pesquisa associandoa antropologia e
farmacologia. O descaso brasileiro abre caminho para a biopirataria, o roubo de
plantas e animais, levando a patentes no exterior de remédios pelos quais os
brasileiros terão de pagar caro. Conforme já nos dizia Peckolt em 1888:
“Ao publicarmos o resultado dos nossos estudos, não é nosso intuito
apresentar a última palavra sobre tudo o que se refere aos vegetais
indígenas e exóticos aclimatados entre nós; mas unicamente fornecer um
ponto de partida para trabalhos de maior fôlego, que tenham o poder de
significar que os médicos e farmacêuticos brasileiros compreendam que não
lhes é lícito conservar-se inativos, concorrendo assim, para que continuem a
ser feitas no estrangeiro a maior parte das investigações da Flora
Brasileira.”
BIBLIOGRAFIA
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12. DOCUMENTOS MUSEU NACIONAL, 1834, 8,11,22, pasta 2)
13. DOCUMENTOS MUSEU NACIONAL,1874, 24, 28, 63, 68, 70, 84, pasta 13
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ANEXO 01 – BIBLIOGRAFIA DE THEODORO PECKOLT
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Apotheker-Vereins (1859-1865, 1870)
1) Brasilianische Zollverhaeltnisse der Droguen. Brasilianische
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Vereins., 1859, 157-179.
2) Untersuchung der Wurzelrinde von Anchieta salutaris und Anchietin,
Archiv der Pharmacie des Norddeutschen Apotheker Vereins, 1859, 271-
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3) Ponceta end der en farbstoff Archiv der Pharmacie des Norddeutschen
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Bixa Orellana, Archiv der Pharmacie des Norddeutschen Apotheker
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Pharmacie des Norddeutschen Apotheker Vereins.
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Archiv der Pharmacie des Norddeutschen Apotheker Vereins.
7) Favlva constructor Daudin – Vaginulus reclusus. Parycory. Orleanbereitung
und Kultur in Pará. Soaresia nitida Fr. All. Silvia navilium Fr.
Urucurana. Archiv der Pharmacie des Norddeutschen Apotheker Vereins.
8) Untersuchung des Holzes, der Rinde und des Harzes von Myrocarpus
fastigiatus Fr. All. Archiv der Pharmacie des Norddeutschen Apotheker
Vereins.
9) Undersuchung der Knolle und des Harzes von Ipomoea operculata.
Archiv der Pharmacie des Norddeutschen Apotheker Vereins.
10) Undersuchung des Gummi Sicopira. Bowdichia maior Mart. Archiv der
Pharmacie des Norddeutschen Apotheker Vereins.
11) Vanilla. Die brasilianische Droguen-Ausstellung., Archiv der Pharmacie
des Norddeutschen Apotheker Vereins, 1861.
12) Untersuchung der Rinde und des Saftes (Sanguis draconis bras.) von
Croton erythraema Mart. Archiv der Pharmacie des Norddeutschen
Apotheker Vereins, 1861, 143-154.
13) Croton erytraema Mart., Páo de Sangue, auch Sangue de Drago, Archiv
der Pharmacie des Norddeutschen Apotheker Vereins, 1861, 291-304.Theodoro Peckolt
14) Untersuchung der Nuesse, Macis und Rinde von Myristica Becuhyba,
Schott. 1861. Archiv der Pharmacie des Norddeutschen Apotheker Vereins,
1861.
15) Untersuchung des Saftes (becuibablut) und Fettes dito, Archiv der
Pharmacie des Norddeutschen Apotheker Vereins, 1861.
16) Undersuchung von Euphorbia pulcherrima., Archiv der Pharmacie des
Norddeutschen Apotheker Vereins.
17) Undersuchung des Holzes von Andira anthelmintica., Archiv der
Pharmacie des Norddeutschen Apotheker Vereins, 1861.
18) Undersuchung des Michsaftes von Urostigma doliaria und Doliarin,
Archiv der Pharmacie des Norddeutschen Apotheker Vereins, 1862.
19) Untersuchung des Cajugummi’s Bras. Traganth. Spondias venulosa,
Archiv der Pharmacie des Norddeutschen Apotheker Vereins, 1862, 44-52.
20) Untersuchung des holzes von Feuilia cordifolia, Feullin, Archiv der
Pharmacie des Norddeutschen Apotheker Vereins,1862, 219-226.
21) Untersuchung der Wurzel von Trianosperma ficifolia M. und
Trianospermin, Archiv der Pharmacie des Norddeutschen Apotheker
Vereins, 1863, 104-115.
22) Untersuchung der Fruchthuelle und Sameu von Lecythis urnigera M.
und Acidum lecythis-tanicum, Archiv der Pharmacie des Norddeutschen
Apotheker Vereins, 1864, 83-93.
23) Untersuchung der Fruechte und des Harzes von Araucaria brasiliana
Richt. Archiv der Pharmacie des Norddeutschen Apotheker Vereins, 1865.
24) Untersuchung der Blaetter von Palicuria Margraffii und Palicurin etc.
Archiv der Pharmacie des Norddeutschen Apotheker Vereins, 1865.
25) Untersuchung der Agoniadarinde. Plumeria lancifolia Mül. Arg. Und
Agoniadin. Archiv der Pharmacie des Norddeutschen Apotheker Vereins,
1870 [2] 142:40.Ref. Mors
II. Zeitschrift des Allgemeinen Öesterrichischen Apotheker Vereins. (1865-
1896)
26) Untersuchung ueber die brasilianische Vanille., Zeitschrift des Oesterr.
Apotheker Vereins, 1865.Theodoro Peckolt
27) Die Mineralquellen Brasiliens, Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins,
1865, 7, 153-159.
28) Chemische Untersuchung von Prunus Brasiliensis, Zeitschrift des
Oesterr. Apotheker Vereins, 1865, 7, 393-397.
29) Studien ueber die Seidenkapsein der Schmetterlinge Brasilensis,
Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins, 1865.
30) Untersuchung der Knolle und Samen von Pachyrrhizus
angulatus.,Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins, 1865.
31) Untersuchung des Massarandubabaumes. Lucuma procera M. und
Massarandubin, Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins, 1866.
32) Chemische Untersuchungen der Fruchthuelle und des Haeutchen der
Caffebohne, Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins 1866.
33) Studien ueber das Lophophytum mirabile, Zeitschrift des Oesterr.
Apotheker Vereins, 1866..
34) Untersuchung der Fruechte von Carpotroche brasiliensis Mart. et
Znce, und Carpotochin, Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins, 1866.
35) Untersuchung der fruechte und der Samen von Persea gratisima.,
Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins, 1866..
36) Untersuchung der Angoniadarinde. Plumeria lancifolia Muell. Arg. und
Agoniadin, Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins, 1866.[192]. 34:40
Ref. Mors
37) 1865 er Jahrgang der Zeitschrift des Oesterr. Apotheker-Vereines.
38) Untersuchung der brasilianischen Suessholzwurzel. Periandra dulcis
M., Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins, 1867.3:49-53. Ref. Mors
39) Untersuchung von Ferrerra spectabilis Fr. Allem. und Angelium,
Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins, 1868.
40) Carpotroche Brasiliensis von Dr. Theodor Peckolt., Zeitschrift des
Oesterr. Apotheker Vereins, 1868.
41) Untersuchung der Ravenala madagascariensis. Zeitschrift des Oesterr.
Apotheker Vereins.
42) Untersuchung des Holzes von Tecoma Ipé M. und Chrysophan-saeure,
Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins, 1873.
43) Untersuchung des aetherischen Oeles von Zanthoxylon Peckoltianum,
Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins, 1873.
44) Holzraute: Arruda do mato., Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins,
1875.Theodoro Peckolt
45) Studien ueber das brasilianische Medizinalwesen., Zeitschrift des
Oesterr. Apotheker Vereins, 1876.
46) Untersuchung der Rinde von Cassia bijuga Vog. und
Chrysophansaeure, Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins, 1876.
47) Untersuchung der Caroba (Sparattosperma, Cinco folhas) und seines
wiksamen Elementes., Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins, 1878.
48) Untersuchungen der Fruechte, Rinde u. Blaetter von Prunus
spaerocarpa und Blausaeure, Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins,
1878.
49) Untersuchung der Wurzelrinde von Bowdichia maior Mart. und
Siroporin., Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins, 1878.
50) Untersuchung der Rinde und des Holzes von Myroxylum peruferum
Linn. fil. Aeth. oel. Bals. peruv. bras. und Myroxylin, Zeitschrift des
Oesterr. Apotheker Vereins, 1879.
51) Untersuchung des Michsaftes der Fruechte, Blaetter etc. von Carica
papaya L. und Papayotin., Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins,
1879.
52) Untersuchung von Scybalium fungiforme Sch et Eichl, Zeitschrift des
Oesterr. Apotheker Vereins, 1880.
53) Untersuchung von Helosis guyananensis Sch., Zeitschrift des Oesterr.
Apotheker Vereins, 1880.
54) Untersuchung von Lophophytum mirable Sch., Zeitschrift des Oesterr.
Apotheker Vereins, 1880.
55) Jacutupé, Zeitschrift des allg. Oesterr. Apotheker Vereins, 1880, 13: 139-
197; 14: 209-213.
56) Untersuchung der Wurzelrinde von Timbó. Lonchocarpus Peckolti
Wawra u. Timboin, Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins, 1881.
57) Untersuchung der Blaetter von Caroba. Jacarandá procera u. Carobin,
acidum carobicum,, Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins, 1881.
58) Nahrugs und Genussmittel Brasiliens (Einleitung). s/d. Zeitschrift des
Oesterr. Apotheker Vereins.
59) Schlangenantidot, Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins, 1881.
60) Volksnamen der brasilianischen Pflazen. s/d. Zeitschrift des Oesterr.
Apotheker Vereins.
61) Stickstofftabelle der brasilianischen Nahrhrungspflanzen. s/d.
Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins.Theodoro Peckolt
62) Die Droguensammlung der brasilianischen Austellung von Gustav
Peckolt., Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins, 1882.
63) Monographie des Cafes, Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins, 1883.
64) Die Namen der brasilianischen Nahrungsmittel. Zeitschrift des Oesterr.
Apotheker Vereins, 1883.
65) Die Namen der brasilianischen Thee’s., Zeitschrift des Oesterr.
Apotheker Vereins, 1884.
66) Die Namen des Mtés. Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins, 1884.
67) Die Namen der Fruechte u. Samen V. Eriobatrya Japonica Lindl u.
Blausaeure, Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins, 1885.
68) Untersuchung der Fruechte u. Samen v. Eriobatrya Japonica Lindl u.
Blausaeure, Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins, 1885.
69) Anacardium occidentale Linné, Zeitschrift des Oesterr. Apotheker
Vereins, 1893, 19,20,21,22 (HAVARD).
70) Ueber Vitis sessilifolia Baker. Zeitschrift des Oesterr. Apotheker Vereins,
1893.
71) Geissospermum Vellosii Fr. All., Zeitschrift des Oesterr. Apotheker
Vereins, 1896, 34, 35 (HAVARD).
72) Eriobotrya japonica Lindl. Japanische Mispel, Zeitschrift des Oesterr.
Apotheker Vereins, 1896, 1 (HAVARD).
III. OUTROS (1861-1914)
73) Explicação sobre a coleção farmacognóstica e química da Exposição
de 1861 no Brasil – Manuscrito BN
74) Explicação sobre a coleção farmacognóstica e química da Exposição
1861 no Brasil e Inglaterra, nach London laiteinisch.
75) O leite da Gamelleira – Leites vegetais em geral, Gazeta Médica do Rio
de Janeiro, 1863, 20, 240- 243.
76) Do Prunus Brasiliensis, Cham., Memória apresentada à Academia
Imperial de Medicina, afim de obter o lugar de seu membro correspondente,
21 de março de 1864, Gazeta Médica do Rio de Janeiro, 1864, 8, 85-87.
(Neste mesmo número temos a avaliação de Torres Homem)
77) Explicação sobre a coleção farmacognóstica e química da Exposição
de 1866 no Brasil – Manuscrito BN
78) Mitteilungen ueber Brasilien. – Geheimmittel Brasiliens. – Mein Garten.,
– Bras. Fachnachrichten. – Mineralquellen Brasiliens etc.Theodoro Peckolt
79) Análises de matéria médica brasileira, pp 108. 1868. Laemmert & Cia.,
RJ.
80) História das plantas alimentares e de gozo no Brasil. I. 1871. Laemmert
& Cia., RJ.
81) História das plantas alimentares e de gozo no Brasil. II. 1874. Laemmert
& Cia., RJ.
82) Monografia do milho (Mais). pp 77. 1877. Laemmert & Cia., RJ.
83) Monografia da mandioca, pp 97. 1877. Laemmert & Cia., RJ.
84) História das plantas alimentares e de gozo no Brasil. IV. 1882.
Laemmert & Cia., RJ.
85) Estudos sobre a Arruda do Mato, Gazeta Médica Brasileira, 1882,
número 1, março, 6-8.
86) Estudos sobre o Jacatupé, Gazeta Médica Brasileira, 1882, número 3,
abril, 87-89.
87) Estudos sobre o Jacatupé, Gazeta Médica Brasileira, 1882, número 4,
abril, 152-154.
88) Estudos sobre o Jacatupé, Gazeta Médica Brasileira, 1882, número 6,
maio, 236-239.
89) História das plantas alimentares e de gozo no Brasil. V. 1884,
Monografia do Café. Laemmert & Cia., RJ.
90) Die Jaborandi-Arten Brasiliens, 1882. Pharm. Centralhalle von Dr Hager.
91) Caroba. 1882. Pharm. Centralhalle von Dr Hager.
92) Jacutupe, Bot. Jahresber, 1883, 8(1): 451-452.
93) Die Namen des Café, 178 Seiten, 1884. Laemmert & Cia., RJ.
94) Papo de Anjo (Carpotroche Brasiliensis), Revista Pharmaceutica,
periódico do Instituto Pharmaceutico do Rio de Janeiro, 1887, 6, 92-94.
95) Papo de Anjo (Carpotroche Brasiliensis), Revista Pharmaceutica,
periódico do Instituto Pharmaceutico do Rio de Janeiro, 1887, 7, 107-108.
96) Papo de Anjo (Carpotroche Brasiliensis) , Revista Pharmaceutica,
periódico do Instituto Pharmaceutico do Rio de Janeiro, 1887, 8, 121-122.
97) Papo de Anjo (Carpotroche Brasiliensis) , Revista Pharmaceutica,
periódico do Instituto Pharmaceutico do Rio de Janeiro, 1887, 9, 138-140.
98) Cinco Folhas, Revista Pharmaceutica, periódico do Instituto
Pharmaceutico do Rio de Janeiro, 1887, 11.Falta ver
99) Parreira Brava, Revista Pharmaceutica, periódico do Instituto
Pharmaceutico do Rio de Janeiro, 1887, 12.Falta verTheodoro Peckolt
100) História das plantas medicinais e úteis do Brasil, I. 1888. Laemmert
& Cia., RJ.
101) História das plantas medicinais e úteis do Brasil, II. 1889. Laemmert
& Cia., RJ.
102) História das plantas medicinais e úteis do Brasil, III. 1890.
Laemmert & Cia., RJ.
103) História das plantas medicinais e úteis do Brasil, IV. 1891.
Laemmert & Cia., RJ.
104) História das plantas medicinais e úteis do Brasil, V. 1893. Laemmert
& Cia., RJ.
105) Ueber brasilianische Bienen, Die Natur, V. K. Mueller, Halle a. S. 42
Jhrg. 93, 579, 81.
106) Ueber brasilianische Bienen, Die Natur, V. K. Mueller, Halle a. S. 43
Jhrg. 94, p. 87-91; p. 223-225; p. 233-234.
107) Ueber brasilianische Wespen. 1894. Die Kultur. Jahrg. 43 p 268-71 e
p. 318-9.
108) História das plantas medicinais e úteis do Brasil, VI. 1896.
Laemmert & Cia., RJ.
109) Medicinal Plants of Brazil, 1897. Nictaginaceae Pharmaceutical
Review Publisching Co. Milwaukee, Pharmaceutical science series.
Monographs, volume15, número 4, 292 páginas (HARVARD).
110) Medicinal Plants of Brazil, 1897. (Oreodaphne und NectandraArten.)Pharmaceutical
Review Publisching Co. Milwaukee, Pharmaceutical
science series. Monographs, volume15, número 7 e 8.
111) Medicinal Plants of Brazil, 1897. Pharmaceutical Review Publisching
Co. Milwaukee, Pharmaceutical science series. Monographs, volume15,
número 12.
112) Medicinal Plants of Brazil, 1896, Reprint from Phram. Rev., 14,
número 4., abril.
113) Medicinal Plants of Brazil, s/d. Lauraceae.Pharm. Archives. Vol. I,
N.4.
114) Volksbenennungen der brasilianischen pflazen und produkte der
selbenin brasilianischen (portugiesischer) und der von Tupisprache
adorptiten namen, 1898, Pharm. Archiv, I, pp 237-248(Havard)
115) História das plantas medicinais e úteis do Brasil, VII. 1899.
Laemmert & Cia., RJ.Theodoro Peckolt
116) Volksbenennungen der brasilianischen pflazen und produkte der
selbenin brasilianischen (portugiesischer) und der von Tupisprache
adorptiten namen, 1899, Pharm. Archiv, II, pp 50-60(Havard)
117) Estudo botanico, pharmacológico e therapeutico sobre a
Muyrapuama, 1901, 4º Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia (1900),
Imprensa Nacional, Rio de Janeiro
118) Estudo botanico, pharmacologico e terapeutico sobre a sicopira
vermelha (Bowdichia virguloides, H.B.K), 1901, 4º Congresso Brasileiro
de Medicina e Cirurgia (1900), Imprensa Nacional, Rio de Janeiro
119) Volksbenennungen der brasilianischen pflazen und produkte der
selbenin brasilianischen (portugiesischer) und der von Tupisprache
adorptiten namen, 1907, Milwaukee: Pharmaceutical Review Publisching
Co., 252 páginas (Havard)
120) História das plantas medicinais e úteis do Brasil, VIII. 1914.
Laemmert & Cia., RJ.
IV. Berichte der Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft (1896-1911)
121) Nutz u. Heilpflanzen Brasiliens Monimiaceae. 1896. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 4 u. 6, 93-97.
122) Nutz u. Heilpflanzen Brasiliens Magnoliaceae, Winteraceae, 1896.
Berichte der Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 4 u. 6, 157-
164.
123) Heilpflanzen Brasiliens aus der Familie der Violaceae, 1897.
Berichte der Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 3,6,7,9 , 97-
105.
124) Heilpflanzen Brasiliens aus der Familie der Gutiferae, 1897. Berichte
der Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 3,6,7,9, 228-245.
125) Heil-und Nutzpflanzen Brasiliens aus der Familie der
Nymphaeaceae, Cruciferae, Sauvagesiaceae und Droseraceae, 1897.
Berichte der Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 3,6,7,9, 283-
289.
126) Heil-und Nutzpflanzen Brasiliens aus der Familie der Anonaceae,
1897. Berichte der Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 3,6,7,9,
450-470.
127) Heil-und. Nutzpflanzen Brasiliensis aus der Familie der
Capparidaceae, 1898. Berichte der Deutschen Pharmazeutischen
Gesellschaft. Heft 2,5,7,10, 41-46.Theodoro Peckolt
128) Heil-und Nutzpflanzen Brasiliensis aus der Familie der
Anacardiaceae, 1898. Berichte der Deutschen Pharmazeutischen
Gesellschaft. Heft 2,5,7,10, 152-171.
129) Heil-und Nutzpflanzen Brasiliensis aus der Familie der Tiliaceae
und Papaveraceae, 1898. Berichte der Deutschen Pharmazeutischen
Gesellschaft. Heft 2,5,7,10, 281-289.
130) Heil-und Nutzpflanzen Brasiliensis aus der Familie der
Simaruibaceae und Burseraceae. 1898. Berichte der Deutschen
Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 2,5,7,10, 427-444.
131) Heil-und Nutzpflanzen Brasiliensis Humiriaceae, Linaceae,
Oxidaceae, 1899. Berichte der Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft.
Heft 6,7,9, 43-49.
132) Heil-und Nutzpflanzen Brasiliensis. Bixaceae, 1899. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 6,7,9, 73-84.
133) Heil-und Nutzpflanzen Brasiliensis. Flacourtiaceae, 1899. Berichte
der Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 6,7,9, 162-174
134) Heil-und Nutzpflanzen Brasiliensis. Gentinaceae, 1899. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 6,7,9, 222-232.
135) Heil-und Nutzpflanzen Brasiliensis. Rutaceae, 1899. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 6,7,9, 326-362.
136) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis. Sterculiaceae, 1900. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 3,5,6,7,9, 52-61.
137) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis., Sterculiaceae, 1900. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 3,5,6,7,9, 115-123.
138) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis., Bombaceae. 1900. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 3,5,6,7,9, 154-171.
139) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis, Malvaceae. 1900. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 3,5,6,7,9, 265-271.
140) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis., Malvaceae. 1900. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 3,5,6,7,9, 417-423.
141) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis. Olelacaceae, 1901. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 1,2,4, 40-47.
142) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis., Marograviaceae, Pontederiaceae,
Caprifoliaceae, Calyceraceae, Zygophillaceae, Pittosporaceae,
Halorhagidaceae, Hydrophyllaceae, Cunoniaceae, 1901. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 1,2,4, 94-100.Theodoro Peckolt
143) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis., Crassulaceae, Saxifragaceae,
Loasaceae, Dichapetalaceae, Plumbaginaceae, Plantaginaceae,
Aizoaceae, Trigoniaceae, Caryphillaceae, Euriocaulaceae. 1901.
Berichte der Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 1,2,4, 203-
212.
144) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis., Meliaceae, 1901. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 1,2,4, 317-324.
145) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis., Sapindaceae, 1901. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 1,2,4, 350-369.
146) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis., Pullinea (Guaraná), 1901. Berichte
der Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 1,2,4, 441-452.
147) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis. Lecythidaceae. 1902. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 6,9.(com desenhos)
SAPUCAIA
148) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis. Lecythidaceae. 1902. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 6,9 .
149) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis. Allophilus. 1902. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 6,9, 103-112.
150) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis. Boraginaceae. 1902. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 6,9, 130-140.
151) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis. Hippocrataceae. 1902. Berichte
der Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 6,9, 194-200
152) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis. 1902. Berichte der Deutschen
Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 6,9, 231-248.
153) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis. Connaraceae. 1902. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 6,9, 443-452.
154) Heil-und Nutzpflanzen Brasiliensis. Myrtaceae. 1903. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 1,4,7, 21-38.
155) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis. Myrtaceen. 1903. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 1,4,7, 128-138.
156) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis. Myrtaceae, Caricaceae. 1903.
Berichte der Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 1,4,7, 339-
374.
157) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis. Euphorbiaceae. 1905. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 6,7, 183-202.
158) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis. Euphorbiaceae. 1905. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 6,7., 225-244.Theodoro Peckolt
159) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis. Euphorbiaceae (Mandioca). 1906.
Berichte der Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 1,5,6, 22-36.
160) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis. Euphorbiaceae. 1906. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 1,5,6, 176-192.
161) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis. 1906. Berichte der Deutschen
Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 1,5,6, 231-248.
162) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis. Connaraceae, 1906. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft. Heft 1,5,6, 443-452.
163) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis. Solanaceae, 1909. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft., 31-45.
164) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis. Solinaceae (2), 1909. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft., 180-201.
165) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis. Fumo, 1909. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft., 292-314.
166) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis. Passiflloraceae, 1909. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft, 343-361.
167) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis. Apocynaceae, 1909. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft., 529-556.
168) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis. Combutaceae. 1911. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft., 273-279.
169) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis. Bigononiaceae, 1911. Berichte der
Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft., 346-363.
170) Heil u. Nutzpflanzen Brasiliensis. Caryocaraceae (Pequi)., 1911.
Berichte der Deutschen Pharmazeutischen Gesellschaft., 363-367.